Menos fake, mais espontâneo: a nova onda dos digital influencers - Modaaz
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Menos fake, mais espontâneo: a nova onda dos digital influencers

blogueiras famosas
Matéria da Elle de setembro/17, pág 122

Um sentimento de ressaca permeia o discurso dos observadores mais atentos do comportamento humano nas redes sociais. Arrisco mais. Penso que usuários comuns já perceberam o quão chato e uniforme virou a timeline dos digital influencers e suas vidas perfeitas, banhadas de luxo, viagens paradisíacas. Muitas vezes nem consigo imaginar Thássia Naves de cara lavada ou a escovar os dentes.

O que acontece com blogueiras famosas como a californiana Aimee Song, que faz sucesso com o seu Song of Style (4,6K de seguidores no Instagram) é um comportamento que conhecemos no cenário das artes mundo afora. A pressão pela perfeição, no caso de Aimee, motivou um vídeo-desabafo durante a Semana de Moda de Paris neste ano (assista abaixo).

Aimee surpreendeu ao admitir que não é feliz o tempo todo, falou sobre depressão e a vontade de cometer suicídio. Obviamente que ninguém imagina que as sorridentes e famosas são felizes 24h/7. Surpreende a coragem de ser transparente porque a maioria delas situa-se em uma bolha digital onde tudo precisa parecer perfeito.

Dizem por aí que até o montante das verbas publicitárias que recebiam tem diminuído cada vez mais por conta da ressaca desta bolha semiperfeita.

Aimee Song

Conheço profissionais que lidam com a imagem pessoal que deixam de publicar momentos no Instagram porque a luz da foto não está perfeita, o cenário não é o ideal, o ângulo não ficou bom. Exigências, sim, cada um com as suas. Mas será que as pessoas em geral acreditam no perfeito? Aliás, alguém aí tem uma vida perfeita?

Marcas pessoais que engajam com seu público são aquelas que geram identificação com ele. Um bad hair day pode render mais engajamento por identificação do que um cabelo escovado e laqueado como o das revistas. A cara lavada que não esconde as sardas é muito mais interessante do que o novo produto para mascarar imperfeições temporariamente.

A boa notícia é que uma nova onda de influenciadores começa a destarcar-se no cenário digital. São pessoas que assumem publicamente a vida real, que têm posicionamentos definidos acerca de temas polêmicos e, acima de tudo, sabem que não são unanimidade, e tudo bem.

digital influencers
Matéria da Elle de setembro/17, pág 146

Não é novidade que empresas com poder de investimento em marketing reposicionaram suas apostas nos microinfluenciadores, aqueles que têm entre 1 mil e 100 mil seguidores. Isso foi tema do SXSW deste ano. Um exemplo real são as irmãs Tasha e Tracie Okereke (15mil seguidores cada uma), que moram no Jardim Peri, periferia de São Paulo.

Repare na timeline delas e você vai ver fotos do dia a dia com cenários comuns, sem edição, sem produção. A dupla chamou a atenção da revista i-D e de marcas como Melissa e Nike. As gêmeas se destacam pela própria história: negras, faveladas, e com um propósito: serem a voz que representa meninas como elas. Não querem alisar seus cabelos e, diante da falta de grana para comprar roupas da moda, garimpam peças em brechós, customizam com base em informação e vestem suas criações, fazendo deste um estilo próprio.

O novo momento dos influenciadores digitais incentiva o real e todas as imperfeições que isso implica, sobretudo porque os vídeos ganharam uma fatia considerável na atenção dos usuários das redes sociais. É muito mais difícil fazer um cenário perfeito ou a pose plasticamente ideal quando tratamos de vídeos.

A novelinha da vida real é muito mais interessante quando o enredo proporciona identificação com pessoas normais. Como diz a matéria do Especial Influencers da Elle de setembro, há beleza em todos os lugares, e a autenticidade leva ao engajamento.

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Luciane Bemfica

contato@lucianebemfica.com

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