Um assunto que está bastante “na moda” é o das diferenças. Muitas pessoas vêm abordando o tema, e creio ser oportuno pensar sobre esse assunto. Afinal, entendo ser de extrema relevância para que melhorias ocorram dentro de cada um. Falo aqui das melhorias internas, daquelas “da alma”, imensuravelmente proveitosas. Alerto que você está diante de uma autora que é, antes de mais nada, uma grande entusiasta pela subjetividade humana.
Carlos Drummond de Andrade, respeitável poeta, dissera: “ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar”. Magnífico! Só aí podemos ter uma infinidade de ideias para elaborar. Primeiro, pensemos: o que se pode entender dessa frase? Particularmente, visualizo dois semelhantes, na espécie. Porém, tudo o que se assemelha pode ser parecido, mas em que sentido? Pensemos em humanos, com cabeça, tronco e membros. Logo, semelhantes. Entretanto, podem ser absolutamente desiguais, conforme o dizer do pensador. São, por fim, diferentes. Porém, a superficialidade das características físicas de um ser humano é irrisória, comparada à imensidão da subjetividade que o habita.
“Todo ser humano é um estranho ímpar”. Sim! Todos somos estranhos ímpares. Mas como? Que tal começarmos a pensar, antes de mais nada, em nós mesmos? Quanto de conhecimento se é capaz de ter de nossa alma? Existe a possibilidade de saber como iremos reagir diante de toda e qualquer situação que a vida nos apresentar? Se a resposta é sim, parabéns! Você deve ser um sujeito verdadeiramente extravagante (para não dizer outra coisa)! Se a resposta é não, não é possível mensurar cada uma das reações a qualquer situação apresentada pela vida, você está dentro do senso comum. E isso não o faz diferente. Porém, o que o faz diferente é o fato de que as situações que se apresentarão na sua vida serão particulares, serão únicas. Serão diferentes.
Proponho um exemplo: um casal gera dois filhos, gêmeos idênticos. Superficialmente (fisicamente), mais semelhantes seria impossível. Entretanto, cada um dos dois tem suas particularidades, se relacionam com as pessoas de maneiras diferentes, apropriam-se de trejeitos específicos. Um autor deveras notável em meu meio profissional, chamado Jean Laplanche, já afirmara que o ser humano é, por excelência, um ser autoteorizante e autotradutor. Aí, os pais ficam inundados de enigmas, pois não entendem como seus filhos podem ser tão diferentes, se tiveram a mesma criação, se foram tratados sem diferenças. Senhores, não se enganem: quando os inconscientes estão em jogo, dos pais e dos filhos, os sujeitos estarão submetidos aos seus inconscientes.
Se pararmos para pensar, o que aproxima as pessoas não são as diferenças, mas sim as identificações. É o igual que aproxima, que torna prazerosa a convivência. Onde não há diferença, há linearidade, homogeneidade, continuidade, concordância e simbiose, muitas vezes. E, então, fica excluída a complexidade de ter que deparar com aquilo que é diferente, que é excludente. Diferir, portanto, poderia ser sinônimo de excluir. Aí chegamos em um ponto muito importante deste devaneio: ninguém quer ser excluído. Todo mundo fica chateado, dizendo o mínimo, ao notar que não está inserido em algum contexto que considera ser interessante. Agora, lanço uma questão: você gostaria de estar incluído em um meio onde as pessoas não fazem questão da sua presença? E lanço outra questão: você é uma pessoa inclusiva, que aceita, tolera e enriquece com as diferenças existentes entre os semelhantes? Ou você é aquela pessoa que prefere tudo linear, homogêneo, simbiótico?
Por fim, proponho um exercício: observar mais a si próprio. Colocar-se mais no lugar do próximo. Conhecer-se melhor para, então, poder saber mais daquilo que serve para a própria vida e aquilo que não serve. Mas, antes de qualquer coisa, impreterivelmente, respeitar. Aquilo que é diferente não é errado, não é (ou não deveria ser) intolerante. Intolerante e inadequado é quem não tem capacidade de, empaticamente, perceber que cada um tem seus motivos, sua subjetividade, sua história e, como disse o poeta, “cada um é um estranho ímpar”.
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