Eis que me vejo tomada por um sentindo de incompreensão. Tive a oportunidade de me formar em um curso que escolhi, que admiro, que me possibilita tantas formas diferentes de pensar e que me abre inúmeras frentes. Frentes, essas, relacionadas à possibilidade de dar sentido a algumas coisas difíceis de entender e de aceitar.
Para ser um profissional, no mínimo, coerente, na minha área, faz-se necessário tomar inúmeras providências. Uma delas, que eu considero imprescindível, é a de se tratar. Ter o acompanhamento de um profissional, ter um espaço de acolhimento e escuta ética, ter a noção do que é estar do outro lado e, fundamentalmente, saber estar do outro lado. Isso tem um significado muito maior do que parece. Psicólogos não devem se tratar para cumprir protocolo. Não é porque dizem ser uma exigência ética que ele deve buscar seu espaço. É muito mais amplo que isso.
Psicólogos lidam com o que há de mais profundo e complexo nos seres humanos. E isso não é privilégio somente dos que praticam suas atividades no meio clínico. Isso está presente em empresas, em escolas, em hospitais, em qualquer que seja o local onde ele está atuando profissionalmente. E aí vem a constatação mais lógica do mundo: o que é necessário para se iniciar na formação e se tornar psicólogo? Ser gente. Ser humano. E o que é que leva alguns a pensarem que somos blindados, isentos de sentir ou de não conseguir compreender e aceitar alguns fatos? A essa pergunta, realmente, não há resposta cabível.
Retomo, agora, o sentimento pelo qual fui tomada, o da incompreensão. Eu realmente gostaria de poder entender os sujeitos que dizem coisas como: “tu, mais do que ninguém, tem que entender isso”. Eu, Franciele, filha, irmã, esposa, amiga, neta, sobrinha, madrinha, afilhada… eu sou tantas! E sou psicóloga, sim. Mas isso eu sou depois, muito depois de uma infinidade de outros papéis que cumpro. Sou, mas só depois de um universo gigantesco que me habita, que é o meu inconsciente.
Ouvi uma pessoa dizer, certa vez, que havia encontrado sua analista fora do consultório, na rua. Ela contava que analista, no imaginário do paciente, mora no consultório. Não tem vida além daquilo ali, não tem vida social, familiar. Isso me lembra o imaginário infantil, que quer acreditar que pais não transam. Eles transam para fazer os filhos, e só. Assim é a fantasia de alguns quanto aos psis. Nós somos provedores de um saber tão grandioso, tão magnífico sobre tudo da vida, que nós temos que entender sobre absolutamente tudo o que se passa. Inclusive sobre a morte. Como é que vamos sentir a morte? Imagina! Nós, mais do ninguém, temos que saber que isso faz parte da vida.
Porém, o óbvio precisa ser dito. Tenham mais consideração, empatia e sensibilidade com seres humanos que se formaram nas áreas psis. Eles não se tornam encouraçados, revestidos, inatingíveis. Eles são tão providos de sentimentos, dos mais diversos possíveis, como todos os outros humanos. Eles são tão complexos como qualquer outro humano. Eles devem se tratar justamente por toda a heterogeneidade de suas próprias questões. E isso é ainda mais difícil, porque, geralmente, as pessoas, de um modo geral, podem esperar pelo seu tempo para fazer o movimento de procurar essa ajuda. E, em muitos casos, esse tempo não chega! Mas, os psis, não. Eles vão, enfrentam, se emprenham de coragem para fazer aquilo que precisa ser feito. E lembrem-se: aqueles que menos aparentam precisar de abrigo, talvez sejam os que mais precisam dele.
O conteúdo desta página é de absoluta responsabilidade do(a) autor(a), não expressando a opinião do site MODAAZ e suas empresas. Se a expressão nele contida for ofensiva ou violar os termos de uso do site, sua política de privacidade ou violar a legislação de direitos autorais, denuncie por meio dos nossos canais de comunicação indicados no rodapé do site.
Leia também
Calça esportiva: Dicas imperdíveis para aderir o novo sportwear
por Nanda Rocha Nery
Essa trend é ousada e super estilosa, um mix de sportwear com street style, que deixa o look despojado e ao mesmo tempo chic.
Leia maisLooks com moletom: 5 trends criativas para usar now!
por Nanda Rocha Nery
A peça mais confortável do guarda-roupa feminino também pode ser ultra cool. O truque styling é criar um mix entre itens mais casuais e peças mais estilosas!
Leia maisLingerie aparente: Tudo sobre a sexy trend do momento!
por Nanda Rocha Nery
A moda que deixa uma pitadinha de quero mais, ao mostrar peças íntimas, pegou valendo. Marcas famosas e a galera street style adotaram a trend.
Leia mais